Nosso aluno Nelson Amadeu Cortez, que está no 1º semestre de curso e é nascido na Angola, traça um panorama interessante sobre o esporte no seu país, confiram:
Já comecei a bater as portas das instituição desportiva não só preocupado com as 200 horas das atividades complementares, mas sim com a preocupação de começar a sentir o gosto de estar ao lado de profissionais da área de Educação Física, aprendendo com os seu ensinamentos.
A escola de futebol C.D.C. Cleuza Bueno me abriu as portas e, doravante, estou a colaborar com eles, participando diretamente nos treinamentos e nos ensinamento as crianças de várias idades que ali estão, inclusive meu filho. Não é uma experiência nova, já tive no meu país, mas aqui no Brasil é a minha experiência, é uma experiência que quero ter na minha vida. Agradeço a diretoria da mesma por este fato e incentivo a todos a seguir o mesmo caminho.
Trabalhar com criança é uma satisfação pessoal, no passado também um dia fui criança e queria estar numa escola de futebol, mas infelizmente, onde eu morava, não tinha. Hoje a realidade é diferente, então quero estar à frente dessas crianças, ensiná-las a serem cidadãs, não apenas atletas. Sei que todos não serão bem sucedidos no desporto, mas serão bem sucedidos como cidadãos.
Quero aproveitar este espaço para, junto de todos, compartilhar notícias do mundo esportivo, em particular de Angola (África), que muitos só tem conhecimento das guerras que lá havia.
Angola teve a sua independência em 11 de novembro de 1975.
O campeonato nacional de futebol é denominado como Girabola.
O Girabola começou com uma espécie de “preliminares”, envolvendo 24 equipes, em quatro séries de seis. Iniciado a 08 de Dezembro de 1979, essa foi a maior edição da história da prova, quer em número de clubes, quer em representatividade por província.
Quatro anos depois da conquista da independência nacional, de todos os pontos do país vieram equipes, excepto do Bengo, que era ainda parte de Luanda.
O primeiro campeão nacional foi o 1.º de Agosto. O clube central das forças armadas voltou a vencer nas edições seguintes, sagrando-se o primeiro tri-campeão de Angola. Em 1981, ascendia à primeira divisão aquele que viria a ser o “papão” dos troféus – o Petro de Luanda.
Até 1994, o campeonato alternou o número de equipes participantes entre 12 e 16 em consequência, fundamentalmente, do conflito armado que o país vivia.
Em 2010 Angola realizou o seu 1° campeonato Africano de Futebol das Nações (CAN). O governo de Angola construiu 4 novos estádios de futebol e reabilitou 8 estádios para a preparação das seleções participantes. Neste torneio devo salientar uma grande tragédia com a seleção do Togo, que vinha duma preparação num país próximo à Angola a província de Cabinda, uma das séries do torneio. A delegação optou em viajar por terra e já no território angolano foi surpreendida por grupos rebeldes, que a atacaram com tiros de metralhadoras mesmo com a proteção do corpo policial. O fato deu origem à morte de dois elementos da delegação, um jornalista e um motorista. O goleiro ficou gravemente ferido, fazendo com que a seleção do Togo deixasse a competição.
O campeonato disputou-se em quatro províncias: Luanda, Lubango, Cabinda e Benguela. A seleção de nacional passou só da 1° fase e foi eliminada para as outras. A campeã foi a seleção do Egito. Muitos devem perguntar porque que a Angola não foi penalizada por esse ato ocorrido dentro do país, junto da CAF. Não foi penalizada porque a lei exige que as equipes devem se deslocar para um país da competição por via aérea e não terrestre.
A seleção de Angola esteve no Campeonato Mundial ocorrido na Alemanha, em 2006. Foram 2 empates e uma derrota contra Portugal por 1 - 0. Já a seleção sub 17 de futebol já foi campeão Africana. Todos os grandes sucessos no futebol de Angola, os técnicos que deram certo, são angolanos mal pagos. Prefere-se pagar bem técnicos estrangeiros que permanecem nas equipes por pouco tempo e acabam embolsando uma fortuna.
Hoje, para assumir o cargo de técnico da seleção de Angola deve-se ter o curso superior de futebol e os poucos técnicos que têm essa formação estudaram fora do país.
Para um crescimento maior do futebol de Angola falta maiores investimentos e uma política mais agressiva por parte dos órgão competentes. Nas grandes equipes, os patrocinadores são órgãos do Estado. Poucos empresários investem no futebol e as dificuldades são muitas: os estádios não enchem e as rendas das vendas de bilhetes é insuficiente. Falta marketing e investimento sério a fim de que se possa profissionalizar o futebol.
Todos os anos os times de futebol nacional fazem preparação (estágios) em vários países como Brasil, Portugal, África do Sul e Espanha. Antes do inicio do campeonato nacional (Girabola) existe duas competições de maior realce: o Campeonato Nacional e a Taça de Angola. Em ambas, os vencedores têm acesso às competições africanas.
Hoje, o girabola está fixado em 14 equipas, os 3 últimos baixam de divisão e os vencedores das 3 séries do torneio de apuramento ocupam os seus lugares. 1º de Agosto é um time das forças armadas. A equipe com maior sequência de títulos é Petro de Luanda, que pertence a uma empresa de petróleo da Angola (Sonangol). Esta equipe já foi treinada por vários técnicos brasileiros. Quem conseguiu grandes sucessos foi o técnico António clemente com 3 títulos.
Em 29 temporadas apenas três províncias conseguiram tirar o título da capital do pais Luanda. O campeonato de futebol de Angola (Girabola) poderia dizer que é semi-profissional, porque muitos jogadores não vivem só do futebol. Uns desempenham outras funções laborais para conseguirem manter os seus sustentos.
Muitos devem perguntar como um país em guerra mantia o desporto em voga. Eu diria que os jogadores faziam parte do exército, uns eram policias. Existe um time que pertence à polícia nacional, o Inter de luanda, que também já foi treinado por um técnico brasileiro, Mouse, que na sua primeira passagem foi campeão nacional.
Nesse contexto, os bons jogadores ia para o 1º de Agosto ou para o Inter de Luanda também porque não queriam ir para a guerra. Eu, por exemplo, para não servir logo de primeira no exército, tive que ir para uma província, Lubango, onde fui fazer teste numa equipe da polícia. Aprovei e acabei jogar por lá uma temporada e, assim, naquele ano, não servi ao exército.
Jogadores desses times era patenteados como outros militares, principalmente se eram destaque da equipe.
Muitos jogadores chegaram a patentes superiores através do futebol e outros na polícias.
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